Após sua morte em 1869, Brás Cubas, disposto a se distrair um pouco da eternidade, decide narrar suas memórias e revisitar os fatos mais marcantes de sua vida. E adverte: "A franqueza é a primeira virtude de um defunto".

E é com desconcertante sinceridade que Brás Cubas conduz o espectador à sua infância e juventude, relembrando incidentes familiares e personagens como o amigo Quincas Borba que reencontra adulto como mendigo e depois milionário. Discorre sobre sua displicente formação acadêmica em Portugal e o discutível privilégio de nunca ter precisado trabalhar.

Com a mesma franqueza, Brás Cubas convida o espectador a testemunhar sua tumultuada vida amorosa. Lembra o primeiro amor, a cortesã espanhola Marcela que amou-o por "15 meses e 11 contos de réis". O segundo amor, a jovem Eugênia, que "apesar de ser bonita era coxa". Depois, Brás Cubas apaixona-se por Virgília, mas esta acaba optando pelo bem-sucedido político Lobo Neves.

Abordando o cotidiano ou acontecimentos nacionais, na vida ou na morte, Brás Cubas alterna ironia e amargura, melancolia e bom-humor. Em qualquer estado de espírito, ele nos surpreende pela irreverência e devastadora lucidez.